frutas, legumes e hortaliças

VÍDEO: em meio à seca, agricultores já têm dificuldade de ofertar produtos em feiras

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Foto: Guilherme Borges (Diário)

No parreiral, os cachos carregam poucas uvas. A árvore de carambolas está cheia de frutas, mas elas caem antes mesmo de amadurecer. Na plantação de morangas, a perda foi total. O milho demora para formar a espiga e, quando forma, já não dá mais para vender porque o grão endurece muito rápido. O alface, apesar de ter irrigação, cresce de forma desparelha e morre queimado do sol. O açude de irrigação, inclusive, está pela metade.


Esses e outros impactos da seca são sentidos na pele pelo casal Maria Zorzella Souza, 61 anos, e Darci Jacinto de Souza, 66, na propriedade onde a família cultiva hortaliças, legumes e frutas, na localidade São Marcos, no distrito de Arroio Grande.

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O casal de agricultores trabalha ao lado do filho Jéferson, 26 anos. Eles vendem os produtos cultivados - todos orgânicos - em quatro feiras da cidade e percebem uma redução de até 80% nos lucros.

- Em períodos normais, conseguimos até R$ 1 mil por semana fazendo feira. Agora, fica em torno de R$ 200. Caiu bastante por feira, porque tem vezes que não tem produtos para levar. Então, a gente nem vai. A sorte é que o meu marido e eu somos aposentados, se não ficaria bem difícil - conta Maria.

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Foto: Guilherme Borges (Diário)

A família tem dois açudes para irrigação, abertos há 10 anos pela prefeitura, mas ajuda pouco. O calor seca a pouca umidade rapidamente nas plantas.

- Por enquanto, a gente nem está plantando mais para não ter prejuízo. Enquanto não chover, não tem o que fazer. A gente chega na feira e as pessoas reclamam que os produtos não estão tão bonitos, que não tem muita variedade. Mas o que podemos fazer se as plantas precisam de chuva? - questiona a agricultora.

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Foto: Gabriel Haesbaert (Diário)

IRRIGAÇÃO REDUZ PERDAS
Donos de uma propriedade na localidade de Três Barras, no distrito de Arroio Grande, André Raddatz e a esposa, Neusa Biasi Raddatz, apostam na irrigação para minimizar os efeitos da seca. Produtos, como tomate e pimentão, só crescem durante a estiagem devido ao sistema de irrigação implantado pelos agricultores há cerca de oito anos. 

- A irrigação é a única alternativa que temos, hoje, para comercializar alguma coisa. Se não tivesse irrigação, eu não iria ter nenhuma produção. Ainda assim, são poucos os canteiros que têm o sistema, porque o custo seria muito alto - afirma o produtor.

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Foto: Gabriel Haesbaert (Diário)

Porém, a maior renda da família vem da venda de frutas. E, na propriedade, as árvores frutíferas não são abrangidas pela irrigação. André já contabiliza perdas e alerta para outro problema ocasionado pela seca: o aumento nos preços, principalmente de laranja e bergamota.

- Este ano, vai ter pouca bergamota e laranja. Mesmo vindo chuva, não tem mais como repor. E isso está acontecendo com todos os produtores de frutíferas - informa.

O casal sente no bolso a redução no lucro a cada feira que participa. São pelo menos R$ 200 a menos por feira:

- Por enquanto, conseguimos nos manter indo nas duas feiras que sempre vamos. Mas não vamos ter produtos suficientes por muito tempo. Mesmo se chover amanhã, não tem volta. Não está fácil.

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Foto: Guilherme Borges (Diário)

CHUVA SÓ DIA 21
Quem olha para os céus todos os dias na esperança de uma boa chuva, ainda vai ter que esperar mais um pouco. De acordo com a meteorologista Fabiene Casamento, até há uma chance de chuva no próximo domingo, mas o volume não deve ultrapassar os 5 milímetros (mm). Ainda segundo ela, chuvas mais volumosas estão previstas apenas para os dias 21 e 22 de março.  

- Ainda assim, as chuvas que virão não irão reverter a situação. Pelo menos até o final do mês, as temperaturas devem continuar altas, acima dos 30°C, o que também aumenta os efeitos da seca - explica a meteorologista.

Em março, ainda não choveu em Santa Maria. No mês de fevereiro, foram registrados apenas 56,6mm. Nem os 256,4mm registrados em janeiro foram suficientes para evitar as perdas milionárias na agricultura. A última chuva registrada em Santa Maria foi em 26 de fevereiro. 

A situação no campo se agrava com as altas temperaturas e o sol forte. Ontem, a máxima em Santa Maria foi de 34,8°C. A previsão é que a máxima chegue a 40°C nesta semana. Na região, ontem fez 36,9°C em São Vicente do Sul.

*Colaborou Janaína Wille

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